segunda-feira, 21 de novembro de 2011

5 de Chocolate y 1 de Fresa - 1967

Que tal juntar num caldeirão Richard Lester, 3 Patetas, Jerry Lewis, Buñuel, Frank Tashlin, John Waters e Almodóvar e acrescentar doses fartas de psicodelia sixtie à lá Austin Powers ? Essa maçaroca analógica poderia dar uma ideia dessa comédia mexicana para o leitor. A direção coube a Carlos Velo, 45 filmes no currículo, em sua maioria documentários, além de haver trabalhado com Buñuel em “Nazarín”. Um veículo inusitado para Angélica Maria, uma mistura de Dóris Day e Wanderleia mexicana. Na verdade ela nasceu em New Orleans nos EUA, mas fez sucesso no México cantando, atuando ( desde criança) e apresentando programas de TV; está ainda na ativa, popularíssima no país asteca. Ficou conhecida como a namorada do México, tal a sua popularidade. O papel que interpreta aqui causou, é claro, alguma polémica e foi audacioso. No inicio do filme tudo parece estar ok: ela é uma noviça ingênua em um convento, os pombinhos voam ao seu redor e até pousam sobre a sua cabecinha dourada. Mas de repente eis que ela está com outro visual, minissaia, cabelos compridos, cara safada e descendo as escadas de uma festa de ricaços cantando um rock’roll doidão para os padrões da época. O que se passou? Bem, a noviça havia experimentado no convento uns cogumelos alucinógenos, deu uma pirada e se transformou na maluquinha e sexy Brenda. Na festa ela arrasta consigo 5 playboys, e com pistolas de brinquedo, passa a cometer uma série de ações criminosas malucas. Em seu encalço surge uma organização bizarra chamada Agência de Vigilância Internacional e o filme se transforma num jogo de gato e rato que vai ficando mais e mais maluco, até abandonar a lógica completamente. Os efeitos alucinógenos pelo visto também afetaram diretor, roteirista e atores. Fiz no início da resenha algumas analogias, acrescentemos também às anteriores “Diabolik” de Mário Bava, e a série “Batman” com Adam West.O barato é que em meio a tanta maluquice aparentemente inconsequente as piadas e tiradas passam longe da caretice: igreja, exército, burguesia mexicana, cada um recebe o seu piparote maroto. Ou seja, o filme vai além da comedia juvenil e por alguns momentos - mais uma analogia - parece que o espectador está diante de algum rascunho de um filme de Buñuel, um “Fantasma da Liberdade” talvez. Uma pena que a cópia que tenho foi ripada de TV e não é das melhores. Até onde sei, não saiu em DVD, infelizmente, nem no México e ou outro lugar. O que é de se estranhar, considerando que foi o auge da namoradinha asteca no cinema.

Nenhum comentário: