segunda-feira, 3 de outubro de 2011

The Monster and the Stripper - 1968

Ron Ormond ainda não achou seu Tim Burton, para que fizesse sua cinebiografia , assim como o diretor de “Edward Scissorhands” fez com Ed Wood imortalizando-o definitivamente. Mas sua obra e carreira dariam também um filme digno de nota. Seu começo foi produzindo e dirigindo faroestes Bs inexpressivos, mas nos anos 60 bandeou para a exploitation e nesse nicho alcançou infame notoriedade. Dizer isso é um paradoxo tendo em vista que o seu nome só é mesmo conhecido por tarados – como eu - por produções Bs e Zs.
“Mesa of Lost Women” é até lembrado e citado como um dos piores filmes de todos os tempos, mas o restante da sua digamos, obra, permanece em relativa obscuridade. O filme que recapitulo nesse momento, por exemplo, foi danado de encontrar. E mereceria o privilégio de figurar em qualquer lista dos piores ( mas divertidos) filmes de todos os tempos. Uma tranqueira monumental. Éevidente em cada plano, que Ron Ormond não tentou fazer algo minimamente sério: a lógica foi mesmo fazer uma comédia mais bufa e estúpida possível. E conseguiu seu objetivo. Toda a narrativa se passa em apenas dois cenários: os pântanos da Louisiana e o interior de uma boate de strip-tease. No primeiro vive o monstro, um gigante cabeludo, com cara de hippie e que vez ou outra trucida o que encontra pela frente, gente ou bicho; no segundo, uma audição de strippers, cada uma mais nonsense e maluca que a outra: uma delas, por exemplo, devia ter uns 60 anos ou mais e termina o número com um adesivo escrito LSD no traseiro. Ultrajante. O filme começa com um pseudodocumentário sobre New Orleans, seu carnaval e termina é claro na Bourbon Street, onde o espectador é apresentado à boate de Nemo, que além de proprietário do clube, é um mafioso escroto e traficante.Na sua cola está um tira com cara de cantor de rockabilly, meio pateta. Sentindo a debandada do público, Nemo (interpretado pelo próprio diretor) e sua assistente ( a esposa na vida real) chegam à conclusão que necessitam de uma atração mais “hot”. E a ideia estapafúrdia é capturar o tal monstro e traze-lo para a boate, coloca-lo como uma das atrações ao lado das strippers. O monstro é capturado por um grupo de palermas,depois de um pequeno momento gore. Nem precisa dizer que a chegada dele à boate redundará numa baita confusão. Há vários detalhes pitorescos: o cenário da boate foi em um estúdio de Nashville, onde Elvis Presley gravou alguns sucessos;um dos capangas do mafioso é o músico Gordon Terry, que tocou com Johnny Cash e Neil Young, entre outros; e o monstro foi interpretado por Sleepy LaBeef, cantor de rockabilly; e nenhum ator que participou do filme trabalhou no cinema novamente ! O filme esteve ausente de qualquer circuito de exibição por mais de 20 anos, pois o laboratório reteve os negativos: vai ver que os caras se assustaram com tanta maluquice. O filme tem também o título de “The Exotic Ones”. Tivesse sido realizado na Europa e passaria por algum Fellini menor, tal a quantidade de bizarrices e nonsense. Pouco depois desse filme o diretor sofreu um grave acidente aéreo, mas sobreviveu e se tornou pastor evangélico, mudando radicalmente sua linha cinematográfica, privando o mundo de mais alucinações como essa, passando a realizar documentários religiosos, igualmente malucos, no entanto.
Um detalhe final que mereceria uma discussão maior: todos estes monstros de filmes de terror B dos anos 60 tinham jeito e cara de hippies, basta comparar com uma foto do maníaco Charles Manson, por exemplo. Futuramente desenvolvo melhor essa observação que envolve, sem dúvida, a paranoia de um setor da sociedade americana que via nos hippies um bando de esquisitos malucos e, por que não, monstros.

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