sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Zero Woman - Red Handcuffs - 1974


Estava demorando, mas enfim me aventurei a lembrar do fabuloso cinema japonês. Não o oficial, canônico e ensinado nos cursos de cinema, aquele de Mizoguchi, Ozu e Kurosawa. Nada disso, falo do cinema japa sujo, visceral, doentio para muitos, arrebatadoramente erótico e violento que emergiu nos anos sessenta, teve seu auge nos anos 70: o Pinku Eiga. O gênero dominaria o cinema japonês até meados dos anos 80. No início eram filmes produzidos por pequenas produtoras, percebendo o filão as grandes produtoras começaram a investir no gênero. E foi o caso desse aqui, com direção de Yukio Noda e produzido pela Toei, um dos maiores estúdios japoneses. Foi baseado em um mangá muito popular no país do sol nascente.


Zero, interpretada pela maravilhosa Migi Sugimoto é uma policial condenada e enviada para a prisão depois de matar um diplomata suspeito de estupro e homicídio. Mas a filha de um poderoso político é raptada por um grupo de bandidos e o chefe da polícia é pressionado a resolver o caso de forma eficaz e discreta, e acabam concluindo que só a policial,em troca da liberdade, poderia resolver o caso de maneira rápida. A fera se infiltra na quadrilha e se deixa submeter a todo tipo de violências: estupro, espancamento, drogas e outras humilhações. E ela aguenta firme o tranco, sem esboçar nenhuma reação e sem mudar a expressão do rosto. Talvez até estivesse apreciando um pouco a situação, sabe-se lá. O filme deixa qualquer lógica de lado neste instante e se deixa levar pela bárbarie do bando. Por um segundo parece que o que estamos vendo é um filme realizado por um dos membros do bando. Caótico e sublime. Mas, quando Zero decide que chegou a hora e arregaça as mangas, ou melhor, as algemas, aí o bicho pega para os bandidos. O que vem é um banho de sangue e o vermelho invade a tela, em planos alucinados, ângulos desenfreados, seguramente assimilados do cinema de Sam Peckinpah em seus melhores momentos. A estética da brutalidade e violência consumada em arte impura.

Esta maravilha da exploitation japonesa foi minha introdução nesse universo particular. Depois descobriria as deusas Ike Reiko,Meiko Kaji, Naomi Tani e outras mais. Mas isto é outra história e quando tiver saco e tempo abordarei com mais vagar .

Lembrando ainda que o filme gerou uma série, com outra atriz já nos anos 80, sem o mesmo vigor do original

Um comentário:

Ronald Perrone disse...

Esse é clássico! Nunca vi as sequências... será que prestam?